Tenho uma relação difícil com a água. Não sei nadar. Não tenho medo. Eu (Telma) tenho pânico de tirar os pés do chão e flutuar até rapidamente me afogar. Entro em pânico e detesto que brinquem a dizer que me atiram para a piscina. Detesto que queiram passar por baixo das minhas pernas na praia para me tentarem colocar às cavalitas para me forçar a mergulhar. Detesto. Odeio. Fico em pânico. Hoje partilho convosco uma história pessoal. Muito pessoal.
Os meus pais separaram-se quando eu tinha menos de um ano de idade. Sempre vivi com a minha mãe. De quando em vez ia ter com o meu pai, espaçadamente. A minha mãe não sabe nadar. Mas simplesmente não se aventura muito. Não vai para o mar com a água mais do que pela cintura, mas flutua e molha-se, embora pouco que ela também é muito friorenta. Não liga muito a praia. Como devem calcular, se ela não sabe nadar, não seria fácil para ela não ter medo de que eu estivesse no mar. Acautelava-me como qualquer mãe. Diz-me ainda hoje para ter aulas de natação porque é importante. Durante muito tempo ela foi a única pessoa em quem eu confiava dentro de água. Se ela não gostava que a fizessem mergulhar, não me iria fazê-lo a mim.
Já o meu pai, diria que ensinou os filhos todos a nadar, ou pelo menos ajudou, mas não a mim. Ele teve mais tempo com os outros que comigo e conseguiu ensiná-los a não ter medo, porque se tiveres pé, levantas-te e já passou. Porque se vier uma onda maior, mergulhas e voltas a ter pé no final. Sendo racional isto parece-me razoável. Mas dentro de água eu não sou racional. Eu tentava confiar nele, porque adoro tirar os pés da água se me sentir segura para isso (o que é mesmo raro). Quando confiava, ele forçava o mergulho com a melhor das intenções para que eu percebe-se que não valia a pena ter medo do mar se estivesse num local com pé. Quiçá para depois me ensinar a nadar. Só que não percebia que isso me aumentava o medo. Nunca tive lá muita vontade de quebrar esse medo. Não me costuma fazer diferença. Entro sem confiança e a pouco e pouco, fico a banhar-me e aproveito os meus momentos com calma. Se podia tentar aprender a nadar? Sim, e não o faço por uma escolha minha. Porque não sinto que faça tanta diferença no final para tanto pânico até chegar à fase do relaxamento. Eu já consigo aproveitar para me divertir em locais sem ondas. Eu gosto de passear na praia sem ir ao mar (se este estiver demasiado revolto). Esta é a minha opção.
Queria partilhar a minha história para que no futuro me lembre dela sempre que estiver na praia ou piscina com uma criança que não saiba nadar. Para que tu saibas que não deves aumentar os medos do teu filho, da tua sobrinha, ou prima ou primo. Respeita os medos e vontades do próximo, mesmo que não os percebas. Se achas um medo que deve ser ultrapassado, tem paciência e calma para o mostrares. Tem tanta quanta for preciso. Eu posso dizer com orgulho que além da minha mãe, nestas férias consegui ganhar mais confiança no Pedro, o meu marido. Senti muito medo, mas confiei. E sei que vou poder confiar, porque ele me respeita e sabe os limites que me coloco, mas também sabe até onde ir para me fazer superá-los, com calma e paciência, mas a cima disso, com amor!
Se quiseres ler mais, então não te esqueças de o partilhar e/ou comentar com a tua opinião.
Se gostaram de ler este artigo, sugerimos também a leitura de:
Também não sei nadar, porque nunca senti grande interesse nessa questão - e não foi por falta de incentivo dos meus pais e dos meus tios.
ResponderEliminarAcho mesmo fundamental respeitar os medos e as inseguranças das outras pessoas, procurando ajudá-las com paciência. Caso contrário, podemos é fazer pior
Saber nadar pode mesmo ser algo que exige muito de nós...
EliminarHá pessoas que não sabem andar de bicicleta. Há medos e inseguranças e falta de conhecimento nas mais diversas áreas. O respeito é sempre essencial!
Eu sei nadar, mas respeito muito quem não sabe, não deixa de ser um medo e apesar de ter que ser ultrapassado, não devemos pressionar ninguém a fazê-lo. Cada um a seu tempo :) Beijinhos
ResponderEliminarNenhum de nós sabe se esse medo será ultrapassado, mas todos os dias ultrapassaremos obstáculos juntos! Disso temos a certeza!
EliminarOh linda, não fiques triste porque também não o sei pois, nunca foi coisa que me chama-se atenção, mas também não sou de me aventurar muito
ResponderEliminarBeijinhos
Novo post
Tem post novos todos os dias
Geralmente as pessoas não se aventuram exactamente porque não têm a segurança de saber nadar. Obrigado pelo teu testemunho!
EliminarConcordo muito com este post. Também eu não sei nadar, embora já me aVenture um pouco
ResponderEliminarDevíamos fazer um encontro de pessoas que não sabem nadar. A ver se inventamos isso para o ano!
EliminarBoa partilha! Eu também tenho medo do mar, não por não saber nadar - pratiquei natação durante sete anos - mas tenho pânico da imensidão que é o mar. E há que respeitar os medos e receios de cada um.
ResponderEliminarUm beijinho,
Rita.
Temos mesmo que perceber os limites que temos na vida. O mar é algo incrível, mas tem tanto de incrível como de assustador! Há que viver com noção dos limites entre a vida e o que nos pode matar, aproveitando o que de melhor existe para nos oferecer.
EliminarOlá!
ResponderEliminarEu sei nadar desde os 8 anos, foi o meu pai que me ensinou e até foi tranquilo. Aprendi em Valência, Espanha, numa pequena praia quase sem ondas e água quente. Recordo-me como se fosse hoje. A parte de mergulhar foi por fazes, tapando o nariz. Pouco depois comecei a mergulhar sem a mão e a fazer pinos, cambalhotas, etc, etc. Hoje estou na boa em mares tipo Algarve mas não vou até onde não tenho pé por muito tempo pois não sou super mulher, ou seja, não tenho medo, nem insegurança porque se vejo ondas maiores ou salto, ou mergulho e mesmo que seja apanhada desprevenida eu não fico atrapalhada, sustenho a respiração, whatever. As vezes mesmo que vá alguma água não panico. Mas respeito muito o mar, acredita. Se me der uma cãibra sem pé, é bem complicado, portanto mais vale prevenir do que remediar. E também não sou mais forte do que as correntes, por isso...
Nas minhas praias de Vila do conde também só nado em maré baixa e numa zona bem pacífica.
Não se trata de medo, tratar-se de noção e respeito pelo mar.
Com isto tudo, sim, aconselhava-tea deixar-te ser ensinada a nadar 😘
Beijinhos
Ines
forgirls-ines.blogspot.com
Ah, e mais!
EliminarTenho piscina em casa há 4 anos e a minha madrinha não sabe nadar mas fica sempre tranquila na parte mais baixa porque sabe que ninguém a incomoda.
Toda a gente respeita isso nela.
Muito obrigado por teres partilhado a tua história connosco. Sabe realmente bem.
EliminarO mar é incrível, mas tem muito mais força que qualquer humano, por isso não vale a pena brincar, sem haver necessidade. Podemos divertir-nos muito e aproveitar muito, com todo o cuidado e amor pela nossa própria vida!
É muito bom vermos que os nossos medos não nos deixam sozinhos. Que gostam de nós aos pontos de nos respeitar.
Olá! A questão do não saber nadar é complicada...
ResponderEliminarEu sei nadar (aprendi sozinha), o meu marido não, os meus filhos mais ou menos, mas assusta-me imenso ver o meu filho mais velho a entrar na água e a ser atrevido.
Fico com os cabelos em pé.
Mesmo sabendo nadar, o mar é para ser respeitado.
Desde que vi o meu irmão a afogar quase á minha frente, tenho algum receio (e não foi no mar).
É bom ter alguém em quem depositamos confiança.
Força para superar este medo!!
Beijinhos
Sandra C.
bluestrass.blogspot.com
O mar é muito perigoso. Não devemos arriscar. Devemos ter o maior dos respeitos pelo mar, que tanto nos dá e tanto nos pode tirar!
EliminarMuito obrigado pelo carinho e por ter partilhado esta história connosco!
e esse corpinho a pedir amor
ResponderEliminar