Quando o atendimento ao estrangeiro é privilegiado, em detrimento do 'tuga

sábado, janeiro 21, 2017
        Ainda temos muito para falar sobre o Porto. Muitas coisas boas e recomendações. Ainda assim, sentimos que agora, pelo meio de tudo isso, devemos também retratar uma experiência menos boa.
       Pela nossa visita ao Porto não sabíamos a que local nos dirigir primeiro ou onde fazer a refeição seguinte. Deixámos tudo ao acaso. Seguíamos por onde nos apetecesse na altura, com uma ajuda especial da zomato. Foi por lá que vimos que este local de que vos escrevemos agora servia tripas à moda do Porto. Eu (Ele) queria mesmo muito experimentar, e eu (Ela) só queria uma refeição boa, a aproveitar a boa companhia, celebrando o aniversário do namorido. Foi então que fomos dar à travessa de S. Nicolau que nos apresenta logo uma adega, com vários empregados que andam uns pelos outros a rodar o serviço das mesas da esplanada. Perguntámos se tinham tripas à moda do Porto e foi-nos recomendado que esperássemos. Só que os improváveis às vezes acontecem. Nem sempre a simpatia de uma cidade é regra. Hoje vamos provar isso ao comentar a nossa experiência neste estabelecimento.
       Esperámos uma hora ao frio, entre os vários turistas que por ali passavam também. Não nos importámos, pois tudo valia para fazer a vontade de comer tripas, algo concretizado. Acontece que, passado esse tempo, nos informam que não tinham tripas desde a hora de almoço, depois de terem dito antes que sim. Ahhh que bom que é esperar em vão, pensámos. Ponderámos ir procurar outro restaurante, mas como as horas não abonavam a nosso favor, nem o frio, nem a fome, decidimos ficar por lá. Notámos o rápido e simpático atendimento à nossa volta, ainda que a nós só nos tenham entregado o cardápio. Agora é a questão em que não conseguimos deixar de referir e que mais impressão nos causou: colocaram pão com azeite na nossa mesa e disseram que podíamos comer, porque era gratuito e muito bom. Ao lado entregaram também o mesmo pão, bem como croquetes "que eram muito bons". Não sabemos se eram. É que a nós não nos serviram nem perguntaram se queríamos. Começa bem, pensámos. As mesas eram coladas umas às outras, por isso era inevitável ouvir as conversas e todo o aprimorado atendimento ao casal que nos era vizinho na refeição. Sorrisos, simpatias, explicações e brincadeiras. A nós espera e entregas secas.

       Pedimos bacalhau à lagareiro e ameijoas à bulhão pato. Pedimos uma garrafa de água de litro e meio. Uma água benta (deve ser a especialidade), pois custou-nos 4€. Isto acompanhado de ameijoas com água e pitada de limão (na maioria nem tinham conteúdo...). Eram as ditas ameijoas à bulhão pato. O bacalhau estava bom, mas não achamos que o atendimento ou o serviço dos produtos mereçam que as refeições tenham custado tanto. Atenção que nunca questionámos os preços, em altura alguma. A decisão de entrar ou não era nossa. Achámos que este era um dia especial e por isso queríamos experimentar algo realmente bom. Afinal, experimentámos a negligência de conterrâneos do nosso país. Em Lisboa nunca sentimos isso. E não nos leve a mal quem é do Porto, pois foi uma mera má experiência, entre tantas outras boas. Entre tanta gente boa, encontrámos estes. Mas não conseguimos evitar de contar a experiência. Isto somente para tentar modificar esta atitude. Afinal o orgulho por um país não se resume a 10 jogadores num campo de futebol, se ganharem o europeu... Pelo menos achamos nós!
       Principalmente num restaurante, ou noutro qualquer espaço de atendimento público, só fica bem atender todos por igual. Não fica bem este tipo de atitudes por supor que uns têm mais dinheiro que outros para lhes dar. Não nos queixaríamos do preço pago se tivéssemos sido bem atendidos, se não tivéssemos sido induzidos em erro sem um próprio pedido de desculpas, no caso de não haver tanta discrepância no atendimento entre clientes. Pagámos mais noutros sítios e tivemos todo o gosto em fazê-lo por termos ficado realmente com gosto de lá termos ido. Mas se referimos o bom, também achamos que devemos referir o mau. Até porque esta questão não foi sentida somente por nós. Entre conversas a ocorrência repetiu-se. Pedimos então que moderem esta atitude que só vos fica mal. Isto não é um pedido somente para esta adega, mas para todos os estabelecimentos que façam o mesmo. Pensem que devem atender como gostariam de ser atendidos. Também nós atendemos ao público todos os dias, por sinal também num público estrangeiro e português, e temos todo o orgulho em atender ambos com a mesma simpatia, com os mesmos modos. É uma questão de justiça. De orgulho!

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